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O Padre Egídio de Carvalho e as diretoras do Hospital Padre Zé, em João Pessoa, Jannyne Dantas e Amanda Duarte, viraram réus por desvios de recursos públicos, fraudes e falsificações de documentos, além do pagamento de propina e riqueza ilícita. Esses foram os crimes apontados pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) na denúncia recebida pelo juiz José Guedes, da 4ª Vara Criminal da Capital.
O principal foco da denúncia é o patrimônio não condizente do Padre Egídio com sua renda. Para o Ministério Público, a riqueza do sacerdote gira entorno de R$ 20 milhões, incluindo 29 imóveis de luxo na Paraíba, Pernambuco e São Paulo. Para os investigadores, a edificação de todos os bens foi possível apenas com o desvio de recursos destinados pelo Poder Público ao Instituto São José e à Ação Social Arquidiocesana para custear projetos e outras ações sociais.
O Ministério Público aponta, ainda, o pagamento de despesas pessoais do cônego com dinheiro desviado, como compra de veículos, obras de arte, vinhos de elevado custo, serviços de ótica, entre outros.
“Apurou-se ainda que recursos provenientes do erário foram desviados do Instituto e da ASA também em benefício de terceiros, parentes e amigos de EGÍDIO DE CARVALHO NETO, para custeio de viagens, reforma de imóveis, compra de veículos, pagamento de mensalidade de faculdade, além da aquisição de inúmeros outros bens e serviços, bem como serviu ao pagamento de propina por parte de fornecedores, indicando, também, a prática de lavagem de capitais e a existência de uma organização criminosa entre os envolvidos”
Na denúncia, duas irregularidades são levadas em consideração: a compra fraudulenta de 38 monitores multiparamétricos para o Hospital Padre Zé, com recursos de convênio, no montante de R$ 363.926,00 e o aluguel fraudulento de um veículo de Jannyne.
“Ao longo de cerca de dez anos, contabilizando cerca de 140.000.000,00 (cento e quarenta milhões de reais), que deixaram de ser aplicados em causas nobres e de grande relevo social para incorporar o patrimônio pessoal de EGÍDIO DE CARVALHO NETO, bem como de pessoas próximas a ele, e ainda de outros que agiam sob seus comandos, a exemplo das denunciadas JANNYNE DANTAS MIRANDA E SILVA e AMANDA DUARTE SILVA DANTAS”, diz a denúncia.
Ainda na denúncia, o Ministério Público afirma ser necessária a manutenção da prisão preventiva do Padre Egídio pela alta influência em diversos grupos sociais e o fato do sacerdote “possuir segredos” de diversas autoridades.
“[Egídio] possui segredos de diversas autoridades e empresários da cidade, que poderão ser utilizados para intimidar testemunhas, obstando o sequenciamento da instrução processual e prosseguimento das investigações, especialmente diante do poderio e da proximidade que o denunciado possui com diversas autoridades do Executivo, Judiciário, Legislativo e do Ministério Público”, argumenta o Gaeco.
Dentre os pedidos apresentados pela denúncia, está a defesa do Ministério Público para que os denunciados – agora réus – ressarçam R$ 193,4 mil e R$ 1 milhão por danos morais coletivos.